Halloween na escola confessional

É bem notório que as comemorações relativas ao halloween tem invadido a seara da educação formal escolar, o que antes era restrito apenas às escolas de idiomas em cursos de língua inglesa, como forma de aculturação.

Esta é uma celebração completamente alheia ao nosso arcabouço cultural, que por sinal é muito rico e variado. Enquanto as comemorações folclóricas nacionais têm sido esvaziadas, ganha cada vez mais espaço no calendário escolar as celebrações de halloween nas escolas brasileiras em todos os níveis. O que fazer diante desta tendência?

Não podemos tapar os olhos e os ouvidos da aguçada percepção das nossas crianças a um celebração tão atrativa e difundida no contexto infanto-juvenil em todo tipo de mídia e canais de entretenimento. A escola cristã não pode se omitir e “fazer de conta” que isto não existe. Precisamos oferecer respostas convincentes as demandas do nosso tempo, pois este é o nosso tempo, não temos outro a ser vivido.

Sejamos então sábios e aproveitemos pra ensinar a verdade usando o “gancho cultural” deste período, ainda que, aparentemente não remeta afinidade com o evento e nem a pretensão em difundi-lo mais ainda. O apóstolo Paulo, ao observar os muitos altares entre os atenienses, usou desta estratégia para conectar a sua mensagem ao contexto de superstição reinante na cultura local

E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio. (Atos 17:22,23)

De forma semelhante, com a já consagrada culturalmente os folguedos brasileiros de carnaval, não vamos celebra-lo e nem reforçá-lo, porém não devemos nos omitir a este momento cultural, apresentando o sentido e realidade desta festa da carne e toda a sua colheita negativa, também não devemos nos omitir diante desta nova modalidade de celebrações que invadiu as escolas e os espaços virtuais, onde a maioria das nossas crianças e jovens frequentam. Vamos apresentar a verdade sem medo, pois temos a luz que ilumina os caminhos da vida.

Vejamos a seguir alguns textos bíblicos para fundamentação do tema e algumas definições de palavras significativas que cercam o contexto deste evento.

Textos bíblicos

E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo.  Mateus 14:26

(a percepção de seres míticos e sobrenaturais sempre existiu no imaginário humano)

Quando o SENHOR passar para matar os egípcios, verá o sangue ali nos batentes e não deixará que o Anjo da Morte entre nas suas casas para matá-los. Ex. 12:23

Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Efésios 6:12

(o mundo sobrenatural é real)

Portanto sobre ti virá o mal, sem que saibas a sua origem, e tal destruição cairá sobre ti, sem que a possas evitar; e virá sobre ti de repente desolação que não poderás conhecer. Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias, em que trabalhaste desde a tua mocidade, a ver se podes tirar proveito, ou se porventura te podes fortalecer. Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois agora os agoureiros dos céus, os que contemplavam os astros, os prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que há de vir sobre ti. Eis que serão como a pragana, o fogo os queimará; não poderão salvar a sua vida do poder das chamas; não haverá brasas, para se aquentar, nem fogo para se assentar junto dele. Assim serão para contigo aqueles com quem trabalhaste, os teus negociantes desde a tua mocidade; cada qual irá vagueando pelo seu caminho; ninguém te salvará. Isaías 47:11-15

(o homem sempre foi tentado a domar a sua realidade a partir de forças espirituais do mal, numa espiritualidade doentia e não autorizada por Deus)

Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se as suas obras são boas ou más. Provérbios 20:11

(a travessura não deve se encorajada nas crianças e nem o desejo de prejudicar o próximo, para depois rir-se disto)

E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. Colossenses 2:15

(Cristo reina sobre tudo e tem todo o poder nos céus e na terra)

Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? Isaías 8:19

Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. Dt 18:10-12

(existem práticas espirituais reprováveis)

Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres.2 Reis 19:35

(existe poder sobrenatural e seres espirituais poderosos – agentes de Deus)

 

Palavras-chave: sobrenatural e supertição

sobrenatural: 1 que ultrapassa o natural, fora das leis naturais, fora do comum; extranatural. Ex.: poderes sobrenaturais. 2 que não é conhecido senão pela fé. Ex.: revelação sobrenatural. 5 o que está além do natural. Ex.: muitos temem o sobrenatural por desconhecê-lo.

Superstição: 1 crença ou noção sem base na razão ou no conhecimento, que leva a criar falsas obrigações, a temer coisas inócuas, a depositar confiança em coisas absurdas; 2    crença em presságios e sinais, originada por acontecimentos ou coincidências fortuitos; 3 religião primitiva, em que se cultuam espíritos que se crê estarem presentes nas coisas e nas forças da natureza; paganismo, magia, feitiçaria.

medo: estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência; 2 temor, ansiedade irracional ou fundamentada; receio; 3 apreensão em relação a algo geralmente desagradável ou desconhecido.

arrepio: estremecimento, tremor rápido e involuntário em consequência de uma reação ao frio, ao medo etc. ou devido a uma emoção intensa; calafrio.

morte: ausência de vida; em teologia, quando desconectado da fonte de vida (Deus, o seu filho e sua palavra); separação eterna de presença de Deus.

bruxa: mulher que tem fama de se utilizar de supostas forças sobrenaturais para causar malefícios, perscrutar o futuro e fazer sortilégios; feiticeira. (Houaiss, 2009) Mulher que, por pacto com o diabo, pratica feitiçaria ou encantamento. Uma mulher dada a artes ilícitas. (Webster, 1828)

bruxaria: ação ou prática própria de bruxa ou bruxo; bruxedo, feitiçaria; ocultismo; objeto usado no ritual de enfeitiçamento; fetiche. (Houaiss, 2009)  As práticas das bruxas; feitiçaria; encantamentos; relação com o diabo. Poderes mais do que natural (sobrenaturais). (Webster, 1828)

feitiçaria: magia; encantamento; bruxaria; adivinhação seja com a assistência de espíritos malignos, ou o poder de comandar espíritos malignos.

travesso: irrequieto, buliçoso, traquinas (diz-se especialmente de criança); malicioso, manhoso; engraçado e espirituoso. Sinônimos: arteiro, atentado, danado, endiabrado, indócil, inquieto, levado, traquina, traquinas, treloso.

 

Depois de percorrer estes textos bíblicos e definições, podemos compor com mais precisão um quadro onde são elucidados as fontes e propósitos desta milenar celebração, que marca e povoa o imaginário coletivo em tantas culturas.

É uma celebração estimulada por práticas espirituais reprováveis e que maculam o imaginário infantil com percepções falsas da realidade espiritual e com a banalização da crueldade e da violência. Note que é prioritariamente dirigida as crianças!

Precisamos poupar as nossas crianças destas imagens nefastas e ensiná-las, a partir de um imaginário bíblico, sobre o mundo espiritual, o pecado e a maldade humana e ainda o senhorio de Cristo sobre todas as forças do mal.

A realidade completa inclui a percepção sobrenatural, pois existem seres espituais da parte de Deus, bem como seres espirituais do mal que interagem no mundo dos homens. Não precisamos temê-los, pois todos eles estão sujeitos a Cristo. A vontade de satanás sempre foi de destruir o homem e induzí-lo a fazer isto também, mas em Deus somos chamados a resistir as suas obras. Enquanto as sombras do reino das trevas produzem morte, a luz veio para trazer vida. Não vamos deixar as nossas crianças com fome de respostas sobre a realidade espiritual que nos cerca. Não ofereçamos apenas “doces e travessuras” enquanto são seduzidas pelo engano e marcadas desde muito cedo com um imaginário de morte.

 

Sugestões sobre o que ensinar?

– Ensine sobre a realidade do mundo sobrenatural; os contrastes entre o mundo natural e o sobrenatural, entre o mundo material e o espiritual.

Quais são os vínculos entre estes dois mundos? O que a bíblia fala sobre isto? Porque temos necessidade de pensar para além deste mundo?

– Ensine sobre a teologia dos anjos e o serviço dos seres angelicais.

O que são os anjos? A bíblia fala de anjos? Em que situações eles estão presentes? O que são os anjos caídos, anjos maus, anjo da morte e anjo mensageiro?

– Ensine sobre o medo do desconhecido. O caráter inerentemente humano do ser religioso e da percepção transcendente presente em todas as culturas. A origem do medo e do desconhecido no coração humano. Fantasmas e outros seres lendários e mitológicos que sempre assustam e povoam o imaginário geral.  Será que existem seres sobrenaturais? (duendes, fadas, demônios, mulas sem cabeça, zumbis, bruxas, lobisomem) Como a bíblia trata disto? (bruxaria e feitiçaria)

– Ensine sobre a realidade da morte: o que é a morte? Como esta realidade afeta a vida? Como devemos lidar com a morte? A quem pertence o poder da vida e da morte? Existe vida além da morte? O que significa vida eterna e morte eterna? Como outras culturas lidam com esta realidade? Contrate com a visão cristã da morte.

– Qual o ponto de contato do folclore celta/americano com o nosso folclore? Por exemplo, o saci e o lobisomem são seres míticos em nossas lendas. Têm ações semelhantes de assustar e fazer travessuras.

As lendas e seus personagens, imaginário fantástico, grandes celebrações folclóricas e o apelo com as crianças e ao mundo sobrenatural, são pontos em comum. São manifestações culturais fortemente disseminadas e festejadas por seus povos, apesar de suas origens diferentes, possuem pontos de referência comum.

Para refletir através de princípios:

Travessuras – são os atos impensados e irresponsáveis contra outras pessoas quando se sentem contrariadas. Mesmo que por brincadeira, não devem ser encorajados. Isto pode gerar problemas na formação do caráter e fere o autogoverno.

Podemos brincar com o mundo espiritual e banalizá-lo? (Semeadura e colheita).

Como o halloween coopera com a cultura dark e de morte entre os nossos jovens e crianças? Como o halloween coloca o imaginário do mal na mente das nossas crianças? Qual a conexão entre o dia das bruxas, o dia de todos os santos e o dia dos finados?

De onde se origina? Ver a origem da celebração:

O Halloween tem suas origens no antigo festival Celta de “Samhain” – a celebração do fim da temporada de colheita. Naquela época, os celtas acreditavam que em 31 de outubro, as fronteiras entre os mundos dos vivos e dos mortos ficavam um pouco embaçadas e os mortos voltavam à vida para causar estragos entre os vivos.  (https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_das_Bruxas)

O que a bíblia fala sobre mortos voltarem ao mundo dos vivos?  Ler Lucas 16:19-31 e Hebreus 9:27. (principio da soberania – em Deus reside todo o poder gerador de vida)

 

Assim, há muito a ser ensinado sobre a verdade usando esta conexão cultural. Não podemos perder oportunidades de confrontarmos o erro com a verdade.

Vamos marcar o imaginário dos nossos jovens para Deus! Vamos celebrar a vida! Vamos falar que no dia da morte de Cristo os mortos reviveram, tão grande foi o poder do seu feito na cruz para gerar vida! Vamos contar de como apenas um anjo foi capaz de ferir 185 000 soldados(Is 37:36). Vamos falar daquele que retirou Lázaro do túmulo depois de quatro dias e com poder venceu a morte e ressuscitou ao terceiro dia.

Copyright © Editora Imago Dei. Todos os direitos reservados.